Na vida não há garantias,
entretanto para que planos e projetos venham a cabo, há que se fazer uma
trajetória previamente programada, seguindo estratégias com passos pensados e
com espaço pra mudanças no seu decorrer.
Funciona muito bem para a maioria dos
setores da vida humana, e assim parece que as pessoas pensam em fazer com que
seus relacionamentos sejam bem sucedidos, cercando-se de garantias em
perspectiva.
Todo tipo de artimanhas é utilizado em prol de prolongar, ao
máximo, os relacionamentos, e muitas vezes os processos protetivos acabam por
se tornar controladores e opressores, sem se que pareçam errados, já que
objetivam a manutenção e a longevidade da união.
Desde que as pessoas são
diferentes, umas das outras, é inevitável que haja conflitos, vez por outra,
entre interesses, necessidades ou desejos.
São catalizadores de tensões
internas, já que surgem do confronto da legitimidade dos diferentes movimentos
individuais.
Não são os conflitos, per se,
os causadores de problemas, mas as reações de cada parceiro perante eles.
Dessas tensões, se originam
os temores de desaprovação e rejeição, que desencadeiam, por sua vez, os
processos defensivos e protetivos.
No modelo de Amor Romântico, os conflitos
devem ser evitados ou suprimidos mediante força de uma ação modificadora, onde,
inevitavelmente, um parceiro cede perante a diferença advinda do outro.
As interações entre as
pessoas determinam, rápida e dinamicamente, jogos de poder, e, na sociedade
atual, ainda são bastante fortes a atribuições de poder a priori, do modelo
patriarcal; homens e mulheres têm papéis diferentes a serem cumpridos,
pré-estabelecidos e que suscitam expectativas, impõem condutas e fornecem um
desenrolar, onde, ao final, a paz deverá ser restabelecida e o quinhão de cada
representação social, restituído.
A restituição da segurança
tem um alto preço: a sujeição. Estar protegido envolve estar fechado, duro,
defensivo.
Não há questão de liberdade individual e a leveza de estar-se aberto
e disponível para aprendizagem – tais características supõem a vulnerabilidade
da relação, uma qualidade indesejável e perigosa, que põe em risco a solidez
almejada e distintamente apreciada, no Amor Romântico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário